

O comandante do Comando de Policiamento Regional Leste (CPR-L), coronel Michel Muller, afirmou que o ataque a tiros que deixou dois mortos e uma pessoa ferida no bairro Gabriela, em Feira de Santana, pode ter sido motivado por ações de facções criminosas. O crime ocorreu no último sábado (15), quando disparos feitos na Rua Eliana Boaventura, próximo à Praça da Alvorada, atingiram o alvo principal e também duas vítimas sem envolvimento com o tráfico, entre elas uma adolescente de 16 anos, que morreu após ser atingida por uma bala perdida.
Segundo o coronel disse ao Acorda Cidade, o alvo dos criminosos seria Esdras Vitor Silva Alves, de 25 anos, que morreu no local. Ele teria ligações com facções que atuam na cidade.
“Temos razões para acreditar que o crime envolve pessoas ligadas a organizações criminosas, as chamadas facções e por essa razão teria existido uma ação que eles popularmente chamam de ‘salve’, no sentido de promover a agressão como aconteceu em desfavor de uma das vítimas. E essa vítima tendo sido atingida por conta dessa ocorrência acabou que as outras duas pessoas também foram alvejadas tendo a garota de 16 anos também ido a óbito por conta dessa ocorrência violenta de disparos de arma de fogo para atingir um determinado indivíduo e atingiu mais duas pessoas.”
As outras vítimas, segundo a Polícia Militar, não têm qualquer relação com atividades criminosas. São elas: Gisele da Silva Oliveira, a adolescente de 16 anos morta no ataque, e seu irmão, Douglas Henrique da Silva Ribeiro, 27 anos, atingido de raspão na cabeça. Ele foi socorrido para o Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA) e, conforme apurado pelo Acorda Cidade, não corre risco de vida.
“Até que se prove o contrário, nós não temos nenhum elemento de convicção que leve a acreditar de que eles tinham algum envolvimento com alguma atividade criminosa.”
O coronel Muller destaca que a motivação do ataque se relaciona ao impacto que as facções exercem sobre os índices de violência em todo o país.
“A questão do envolvimento com a organização criminosa tem promovido o número de homicídios que nós temos vindo em sua quase que sua totalidade. Obviamente que sabemos que existem as vítimas inocentes, como é a situação da menina que veio a óbito, lamentamos profundamente. Mas estamos aí num momento histórico no Brasil em que agora o Estado brasileiro deu-se conta da gravidade do problema e nós precisamos todos juntos fazermos o enfrentamento ao crime organizado.”
Ele reforçou a importância da atuação de inteligência policial para reduzir a letalidade no combate às organizações criminosas.
“Se for de se fazer o enfrentamento, as forças estão preparadas, qualificadas para isso, mas o mais ideal é que a neutralização seja por prisão. Nesse caso em específico, nós temos razões para acreditar do envolvimento e sugere-se que deste envolvimento, se tivemos o resultado que não agradou a ninguém.”
CVLIs em novembro chegam a 15 casos
Feira de Santana já contabiliza 15 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) somente neste mês de novembro. Apesar do número elevado, o comandante afirma que o cenário geral segue sob controle, com reduções históricas nos últimos meses.
“Nós temos absoluto controle, eu asseguro isso, e é fácil comprovar isso quando nós verificamos um número ao longo do ano com a redução expressiva em Feira de Santana de em torno de 37%. O geocontrole é que se ao contrário de reduzir, estivesse aumentando. Nós temos uma atenção, um ponto de atenção neste mês de novembro, e eu asseguro que as forças de segurança estão absolutamente atentas. Nós temos razões para acreditar de que essa movimentação que tem acontecido aí no final de outubro, neste mês de novembro até então, tem ligação com organizações criminosas que estão praticando alguns movimentos na cidade.”

Fuga de criminosos após operação no Rio também é monitorada
O coronel também comentou a possibilidade de criminosos ligados às facções terem migrado para municípios baianos após a morte de lideranças do tráfico no Rio de Janeiro durante a Operação Contravenção, em 28 de outubro, que deixou mais de 100 mortos.
“É uma possibilidade que não podemos descartar, acredite nós monitoramos os nomes, os alvos, as pessoas que estão circulando aqui na região leste em Feira de Santana. Sabemos que houve movimentação de liderança, estamos trabalhando nesse sentido e acreditamos que assim que a gente consiga identificar os nossos alvos preferenciais, nós buscaremos neutralizá-los e a situação se restabelece.”
E reforçou: “Neutralizar é prisão. Não existe outra forma de se pensar quando a gente usa a expressão neutralizar. É neutralizar a possibilidade, o potencial de agressão. Então, quem está tentando, quem está intentado a praticar crimes, nós falamos neutralizar no sentido de prender.”
População não deve entrar em pânico, diz comandante
Mesmo com a sequência de homicídios, Muller afirma que não há motivos para pânico entre os moradores.
“Não existe razão de temor, sobretudo a pessoa de bem, ela não deve ficar sobressaltada, eu sei que isso acontece, é natural pela publicidade, quando você toma conhecimento de um evento criminoso, você cria temor, isso é inafastável, a gente entende perfeitamente isso, mas também a gente chama a atenção que quem tem sido vítima, em especial do crime de homicídio, são pessoas que guardam algum tipo de ligação com organizações criminosas, quer com participação ativa no narcotráfico, quer se endividando e deixando de cumprir com o que acordou em relação ao consumo de drogas”, acrescentou o comandante.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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