

A Câmara de Vereadores de Feira de Santana realizou uma audiência pública sobre as condições de trabalho dos motoentregadores. O evento, realizado na manhã desta quinta-feira (4), buscou abrir espaço para que a categoria se manifestasse sobre as dificuldades da profissão.
A audiência foi proposta pelo vereador Pedro Américo (Cidadania) e ocorre após a promulgação de uma lei municipal que determina que as empresas responsáveis pelos serviços de entrega mantenham pontos de apoio com a infraestrutura necessária para garantir o bom funcionamento da atividade.

“Os mote entregadores vêm sofrendo muito na execução do seu trabalho. Nós podemos observar que eles ficam sentados nas calçadas, embaixo de árvores, sem ter um abrigo, para poder esperar enquanto o restaurante está preparando aquela comida que vai levar para cada pessoa que está no conforto da sua casa”, disse o vereador.

“É importante que esta casa possa discutir não só as questões do ponto de apoio, mas também as demais condições de trabalho: locais e autorização de estacionamento. Existe uma reclamação muito grande em relação ao Shopping, que não tem dado apoio aos motoristas de aplicativo, inclusive eles não podem nem parar dentro do estacionamento. Então, fazer esse debate, tanto do ponto de vista do que é papel do poder público, quanto do que é papel da iniciativa privada”, complementou o vereador.
Reivindicações
Celso Santos, que representa a categoria em Feira de Santana, participou da audiência pública. Em entrevista coletiva, o trabalhador explicou que tanto ele quanto os colegas de profissão estão enfrentando diversas dificuldades.
Santos disse que o grupo do qual faz parte conta com cerca de 600 trabalhadores e que o número total de pessoas que utilizam a motocicleta como meio de obter renda em Feira de Santana pode chegar a 5 mil, com a inclusão dos motoboys e entregadores por aplicativo.
Segundo Celso, a falta de infraestrutura nas vias, apoio do poder público e a constante sensação de insegurança estão no topo da lista de reclamações da categoria.
“A gente enfrenta muitos problemas na segurança pública, o que piora devido a buracos e falta de iluminação, onde vários colegas nossos sofrem várias tentativas de assalto. Como ontem mesmo, um colega sofreu uma tentativa de assalto no bairro Papagaio porque tinha muito buraco na rua e ele teve que reduzir a velocidade, e os ladrões saíram do meio do mato para tentar roubar a moto”, disse Santos.
“E também há a falta de apoio, tanto da população quanto do poder municipal, da prefeitura e tudo mais, porque hoje a gente vem sofrendo com muitas multas. A gente chega em alguns pontos para estacionar, para entregar pedidos, pegar passageiros, e acaba levando multa”, acrescentou o motoentregador.
Garantia de benefícios
Celso aproveitou a entrevista para lembrar que está em discussão em Brasília um projeto de lei para definir taxas mínimas de corridas para garantir uma melhor remuneração para os trabalhadores. Além disso, a proposta tenta facilitar o acesso a direitos que, em tese, já teriam sido conquistados.
“Para você dar entrada em um seguro após um acidente, é uma burocracia terrível. Você tem que pegar o laudo da Samu, pegar o laudo médico, e ele só considera válido se tiver a assinatura do diretor do hospital que você foi atendido. Se não tiver a assinatura do diretor do hospital, para eles não é válido”, disse Celso.
Grau
Patrícia Santos, também participou da audiência pública, representando a comissão que pretende criar a associação feirense do Grau, prática esportiva que consiste em empinar a moto e manter o veículo em movimento com apenas uma das rodas no chão.

“A gente já está indo para Salvador na semana que vem, onde haverá a fundação da Federação Baiana do Grau. Vamos para lá porque estamos correndo atrás de um espaço, pois, querendo ou não, o Grau na rua, a gente sabe que é crime, e coloca não só a vida dos praticantes, como também de outras pessoas em risco. Então, a gente quer um local para que eles possam treinar, sair das ruas e ter segurança, porque eles têm os mesmos direitos que as outras pessoas, até porque o Grau, querendo ou não, é uma prática esportiva”, disse.
“Porque o Grau aqui em Feira a gente não tem um espaço. A gente está conseguindo conscientizar, pois toda semana ocorriam giros e passeios de moto durante a madrugada. Com essa conscientização, a gente já conseguiu tirar a maior parte da galera das ruas. Então, eles deixam para treinar somente num local específico. Conseguimos o Parque de Exposições para conseguir treinar a partir de janeiro”, conclui Patrícia.
Com informações do repórter Paulo José, do Acorda Cidade
Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão
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