Presidente do Núcleo Odungê entrega documento com propostas para José Ronaldo 

Na manhã desta sexta-feira (31), a presidente do Núcleo Odungê, Lourdes Santana, entregou um documento com 12 páginas contendo propostas de atenção às questões raciais e de matriz africana ao pré-candidato a prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo de Carvalho. Uma das principais ações é o pedido para implementar uma comissão avaliadora de cotas dentro dos concursos públicos realizados no município. 

Segundo a presidente, o documento é destinado a todas as secretarias municipais para abranger as necessidades do povo negro da cidade.

“Em caráter de urgência é preciso criar uma comissão de ação afirmativa, Feira de Santana foi a segunda cidade no país, depois do Rio de Janeiro, a criar vagas e cotas para concurso público”, declarou.

De acordo com Lourdes, desde 2012 está sendo respeitada a implementação das cotas em concursos no município. Na próxima segunda-feira (3), ela deve entregar uma cópia do documento ao secretário de administração e vai tentar acesso à empresa que vai realizar o próximo certame.

Lordes ressaltou a necessidade de ter uma comissão para avaliar o processo de cotas dentro dos concursos públicos. Ela alerta para o uso das cotas por pessoas que não estão dentro dos critérios, fraudando a ação afirmativa.

“A gente precisa ter essa comissão porque muitas pessoas acabam se inscrevendo como cotas, mas não são negras, nem pretas. Eu já observei pessoas brancas se cadastrando. Eu presenciei esse ano duas pessoas entregando os documentos na secretaria de Administração e dizendo que eram pretas e eu estava atrás vendo. Como não existe a comissão, temos que ficar quieta. Mas eu ainda disse a ela, você não é preta, você é branca”, revelou a presidente.

Além disso, o documento destacou a necessidade de uma representação racial na Secretaria Municipal de Esporte, Cultura e Lazer (Secel) para discutir as demandas ligadas aos direitos das pessoas negras.

Como exemplo, Lourdes citou a Lei Aldir Blanc 2 que precisa de especialistas na questão racial para contribuir e assegurar a participação de pessoas, temáticas e questões negras no acesso e fomento à cultura.

“Precisamos colocar as leis no parâmetro municipal, os conselhos precisam ter uma representação de cultura sobre a matriz africana. Quando eu falo de cultura de matriz africana, as pessoas acham que é só Candomblé, mas não. São os blocos, os afoxés, as escolas de samba, capoeira, dança, literatura, história, enfim. Precisamos dentro do conselho de educação uma cadeira para um representante de comunidade quilombola”, destacou.

Lourdes ainda ressaltou que nas eleições municipais de 2020, nenhum candidato a prefeito de Feira de Santana apresentou um plano de governo que atendesse às questões raciais e de matriz africana para a população da cidade.

Ela espera que neste próximo pleito, os concorrentes se coloquem à disposição para discutir as reais necessidades e problemas estruturais do racismo, que afeta também as políticas desenvolvidas na cidade, e coloca o Núcleo Odungê à disposição para contribuir com a construção de uma Feira de Santana com menos racismo e mais igualdade.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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