Sem dúvidas, fumar é a principal causa de câncer de pulmão, alerta pneumologista

1º de agosto é o Dia Mundial de Prevenção do Câncer de Pulmão, data importante para destacar que pequenos hábitos diários e o diagnóstico precoce podem salvar milhares de vidas acometidas pela doença a cada ano. Conforme as estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), até 2025 são esperados 704 mil novos casos. O problema é tão sério, que a doença chega a ser mais frequente do que os cânceres colorretal, mama e próstata.

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Para promover a conscientização sobre o câncer de pulmão, o Acorda Cidade conversou com a médica pneumologista Alana de Medeiros Neli, que esclareceu características da doença.

“O câncer de pulmão é um tipo de neoplasia, uma doença em que o corpo gera algum tipo de célula que se reproduz sem controle, então inicia-se um combate do corpo contra o próprio corpo nessa guerra de conter essa proliferação de células, no caso do câncer de pulmão, essa proliferação ocorre em células pulmonares dos brônquios ou do próprio parente pulmonar. A gente tem três tipos principais de câncer de pulmão, na verdade, grandes grupos, como os não pequenas células e pequenas células e dentro dos não pequenas células que são os mais prevalentes, a gente tem outros três tipos, que são os subtipos, os cânceres de células gigantes, os adenocarcinomas e os carcinomas de células escamosas”, explicou.

É proibido fumar

Neste mês, no dia 29 de agosto, também é celebrado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, principal fator de risco para o câncer de pulmão. O hábito de fumar pode ser prejudicial independentemente do produto utilizado, seja cigarros tradicionais ou eletrônicos. Apesar disso, nos últimos anos o número de brasileiros que usam o cigarro eletrônico saltou de 500 mil para 2,2 milhões de usuários, mesmo a comercialização do produto sendo proibida no país, desde 2009.

O uso indiscriminado do cigarro eletrônico chegou a afetar, inclusive, os famosos. Artistas como os cantores Zé Neto, Solange Almeida e a americana Doja Cat adoeceram pelo uso excessivo do produto.  

“Sem sombra de dúvida o tabagismo é o principal fator de risco”, disse a pneumologista. Apesar disso, ela considera importante se lembrar de outras exposições, especialmente as ocupacionais. São pessoas que trabalham ou já trabalharam com o amianto, com alguns metais pesados, trabalhadores de minas têm o risco aumentado.

Sintomas 

O acompanhamento médico é fundamental porque os sintomas não são tão expressivos, portanto apenas o especialista pode juntar os sinais e conseguir diagnosticar corretamente. Tosse, secreção, dor torácica, falta de ar e emagrecimento são indicativos.

“Os pacientes com câncer de pulmão já em estado avançado, eles tendem a apresentar uma tosse persistente que pode ser seca ou com produção de muco a depender do subtipo de câncer, que às vezes pode vir acompanhada de rajas de sangue ou mesmo eliminação de sangue vivo. Alguns pacientes também desenvolvem falta de ar por compressão das estruturas pelo tumor, também dor no peito, dor na região do tórax ou mesmo no dorso e muito comumente está associado também a uma perda de peso que não se encontra a explicação”, detalhou.

Câncer de Pulmão tem Cura! Quando mais cedo tratar, melhor

A médica salientou a importância da sociedade está sensível à necessidade do diagnóstico precoce e participar dos programas de rastreamento. Afinal, quanto mais cedo descobrir o tumor, maiores são as chances de cura para o paciente. 

“Alguns pacientes que têm os nódulos diagnosticados em tamanho muito pequeno, mesmo com a ressecção apenas, sem necessidade de quimioterapia, já têm a doença curada. Então quanto antes a gente diagnosticar maiores as chances de cura”, afirmou a médica em entrevista ao Acorda Cidade.

Tratamento

Segundo a pneumologista, o tratamento desse tipo de câncer evoluiu consideravelmente nos últimos anos. Antigamente, quem era diagnosticado com a doença estava condenado a morrer em pouco meses ou anos.

“Hoje, no sentido da oncologia, a gente não fala mais sobre o tratamento de um subtipo de câncer. Cada vez mais detalhado o nome que essa neoplasia vai receber para cada paciente. Nós temos terapias alvo específicas, terapias guiadas por mutações e tudo isso vem mediante um diagnóstico, como eu falei, precoce”, destacou.

Covid-19

Nos últimos anos, o mundo inteiro passou pela pandemia da covid-19, doença infecciosa respiratória, com alto poder de transmissão. A mortalidade da doença, que chegou a atingir 700 mil brasileiros, deixou um alerta para a população relacionada aos cuidados com os sintomas respiratórios. O que antes poderia ser considerado como uma ‘gripe’, hoje deixa as pessoas mais conscientes de que o problema pode agravar rapidamente. 

De acordo com Alana de Medeiros, a pandemia serviu para sensibilizar a população sobre os cuidados com problemas pulmonares e respiratórios, mas também para intensificar os rastreios dessas doenças.  

“Chamou mais a atenção para dizer que tosse não é normal, falta de ar não é normal e os nossos exames tomográficos visando saber como estava o andamento da covid, acabaram mostrando doenças em fases muito precoces. Então os indivíduos conseguiram recorrer ao pneumologista numa fase bem antecipada da doença”, disse.

Prevenção

Neste sentido, a prevenção chega com aquelas dicas que geralmente todo mundo conhece. Não fumar, pratique exercícios físicos, mantenha uma alimentação saudável e isso quer dizer, longe de açúcares, gorduras e enlatados, além disso, visite o especialista. Se não tiver sintomas, tente ir ao pneumologista pelo menos uma vez ao ano.

Mas para além dessas dicas necessárias para evitar todo tipo de células cancerígenas, a médica destacou cuidados específicos relacionados à doença que são primordiais.

“Em primeiro lugar, sem sombra de dúvidas, é evitar o tabagismo para aqueles indivíduos que fumam e, evitar exposição, mesmo que passiva, porque nós já reconhecemos o dano do tabagismo passivo também para aqueles indivíduos em situação de risco. Manter as consultas regulares com os clínicos ou pneumologistas assistentes para ser feita essa investigação precoce e no ambiente ocupacional, se necessário for, utilizar os EPIs de maneira adequada para evitar exposição a substâncias tóxicas”, concluiu.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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