6 de September de 2025
infração de trânsito - roubadinha pelo canteiro central
Foto: Reprodução/Documentário A "indústria" de infratores
84% dos atendimentos realizados no Hospital Geral Clériton Andrade está relacionado a violência no trânsito, sendo a maioria envolvendo motos.
infração de trânsito - roubadinha pelo canteiro central
Foto: Reprodução/Documentário A “indústria” de infratores

Existe indústria de multas em Feira de Santana? Apesar de muitos condutores alegarem que sim, os dados comparativos não confirmam essa percepção. O que se observa são inúmeras infrações de trânsito cometidas de forma recorrente em ruas e avenidas da cidade, muitas vezes sem qualquer punição (multas).

Um documentário produzido pelo jornalista Edson Borges aborda os efeitos da imprudência no trânsito da segunda maior cidade da Bahia e questiona a ideia recorrente da existência de uma “indústria de multas”.

A produção contrapõe esse argumento a dados de arrecadação e ao elevado índice de infrações e acidentes. Isso porque, mesmo com o alto número de condutas irregulares registradas diariamente, a arrecadação com multas de trânsito em Feira de Santana é considerada baixa quando comparada à de outras cidades de porte semelhante.

Segundo o Superintendente Municipal de Trânsito, Ricardo Cunha, ouvido pelo jornalista, a Princesa do Sertão arrecada cerca de 8 milhões de reais por ano com multas, enquanto cidades com frota semelhante arrecadam muito mais.

“Feira de Santana pode estar, atualmente, entre as últimas em arrecadação em comparação a cidades com a mesma frota de veículos”, disse o superintendente.

O documentário, “A Indústria de infratores”, disponível no Youtube, no canal Farinha no Saco, mostra exemplos de desrespeito à legislação, como ultrapassagens na contramão, uso inadequado de faixas de pedestres e desobediência aos semáforos, práticas frequentes entre motociclistas.

Vítima de acidente de moto
Foto: Reprodução/Documentário A “indústria” de infratores

A produção destaca que esse mau comportamento nas vias tem reflexos diretos na saúde pública. O Hospital Geral Clériston Andrade aponta que a maior parte dos atendimentos de emergência está relacionada a acidentes de trânsito, principalmente envolvendo motocicletas.

Esses casos geram custos elevados para o sistema de saúde, reduzem a produtividade econômica e impactam a previdência social, já que muitos dos acidentados são jovens em idade ativa que ficam afastados do trabalho.

De acordo com a diretora da unidade, Cristiana França, de todos os atendimentos feitos, 84% está relacionado a violência no trânsito, sendo que quase 80% envolve motocicletas.
“Temos uma sala de ortotrauma de quatro macas, mas a gente fica normalmente com 40, 50 macas neste hospital, porque o tensionamento é muito grande”, explicou Cristiana a Edson Borges.

Vítima de acidente de moto
Foto: Reprodução/Documentário A “indústria” de infratores

Outro ponto abordado é o crescimento das colisões entre motos no primeiro semestre de 2025 em comparação com 2024. Também são citadas as frequentes batidas em postes de energia da Coelba, que resultam em quedas de fornecimento para milhares de consumidores (leia mais aqui).

Só o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) atendeu 1.940 acidentes com motocicletas (média de 162 acidentes por mês) em 2024. Só no primeiro semestre deste ano, já foram 1.272 acidentes com motocicletas (média de 212 acidentes por mês).
Foram 249 acidentes de moto com moto, no primeiro semestre, uma média de média de 36 colisões desse tipo por mês atendidas pelo Samu.

A produção relembra ainda um acidente ocorrido há três anos, em que três jovens morreram em Feira de Santana, para ilustrar as consequências da violência no trânsito. O caso, além da dor das famílias, expõe a morosidade da justiça em responsabilizar os envolvidos.

Para o jornalista Edson Borges, o cenário vai além da questão da fiscalização e das multas, configurando-se como um problema de saúde pública que exige medidas de diferentes setores, tanto públicos quanto privados. O documentário conclui que a redução dos acidentes depende da ampliação da fiscalização, de campanhas de conscientização e da responsabilização efetiva dos infratores.

A gravação da narração do documentário foi feita no estúdio de podcast do Acorda Cidade.

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