9 de September de 2025
José Marcos, delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Feira de Santana
José Marcos, delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Feira de Santana | Foto: Ed Santos / Acorda Cidade
De acordo com o titular da DRFR de Santana, uma pessoa que teve o celular roubado tem três vezes mais chance de sofrer tentativas de golpes virtuais.
José Marcos, delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Feira de Santana
José Marcos, delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Feira de Santana | Foto: Ed Santos / Acorda Cidade

Cada vez mais comuns em todo o Brasil, os golpes de extorsão via ligações ou mensagens têm sido diariamente registrados nas delegacias. O que muita gente não sabe é que boa parte dos casos acontece através de um outro crime inicial: o furto/roubo de celulares.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o delegado José Marcos, titular da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Feira de Santana (DRFR/Deic), explicou que atualmente o furto/roubo de celulares não se resume à perda apenas do bem material.

“O número de celulares roubados tem crescido bastante, porque o criminoso não visa só o aparelho em si, mas sim o conteúdo. É muito comum seguir outros crimes a partir dali. Tem estatística já que demonstra isso no Brasil, que aumenta três vezes mais a chance de ser vítima de golpe quando você tem um celular furtado ou roubado”, esclarece.

Acesso aos aplicativos de banco, ameaças para extorsão, promessas de devolução do celular. São inúmeros os tipos de golpe que podem induzir as pessoas a terem um prejuízo ainda maior.

“A pessoa rouba e depois pede o resgate do aparelho, mas eles nunca devolvem. A pessoa que pagar achando que será resgatado, ela vai aumentar o prejuízo dela. Normalmente, nem é o criminoso que roubou que faz essa extorsão, já é outra quadrilha que entra no circuito e passa a extorquir a vítima.”

Conseguindo desbloquear o smartphone, o assaltante ganha acesso a diversas coisas que podem acarretar em prejuízos e preocupação para a vítima. 

“Seja diretamente, acessando o aplicativo de banco, fazendo contato com familiares, aí tem os dados daquela pessoa, nome do filho, nome da mãe, nome do pai. Então isso é linkado aí com diversos outros golpes, tem muita coisa ali, fotos da sua família, fotos íntimas.” 

O delegado alerta que para acessar os conteúdos de um celular, os criminosos aplicam táticas específicas, que em muitos casos as pessoas nem imaginam que é possível.

“A pessoa pode se perguntar, ‘como é que acessa o conteúdo se meu celular tem biometria e tem bloqueio facial?’ O seu celular tem realmente biometria, mas o chip que está inserido nele não tem. Então os criminosos retiram o chip e inserem em outro celular. Tem muitas contas e serviços que a recuperação da senha é por SMS, chega no chip e então eles fazem a recuperação, tendo acesso a sua vida inteira.”

Golpe do falso X9

Outra modalidade de extorsão que passou a ser recorrente nos últimos meses, é o chamado Golpe do falso X9, em que são efetuadas ligações ameaçando tirar a vida da vítima, caso ela não faça um pagamento. Para a extorsão, o criminoso se identifica como membro de uma organização criminosa e acusa a vítima de ter denunciado a facção, mas a informação é falsa.

“Ligam e dizem que a pessoa está denunciando o tráfico, que está atrapalhando o tráfico na localidade. E fala tudo da vida da pessoa, do pai, da mãe, endereço. Essa pessoa (a vítima), pode já ter tido o celular furtado ou roubado, e nem lembra. E com esse celular, os criminosos acessaram o conteúdo.”

Através do medo, assaltantes conseguem se beneficiar aplicando o golpe. Denunciar deve ser sempre o primeiro passo para evitar o prejuízo da falsa ameaça.

Como se proteger

Não existem garantias, mas tentar prevenir é um dos passos importantes para amenizar os riscos. O delegado José Marcos deixou dicas que podem ajudar.

“A gente orienta a ter cuidado no dia a dia. Por exemplo, para pedir um transporte por aplicativo, memoriza a placa do veículo e guarda o celular. Se você ficar na esquina ali manuseando o celular, vira uma vítima fácil. E aí os criminosos têm mais interesse ainda porque pega o celular na mão da vítima desbloqueado, e aí o prejuízo é grande.”

Outra dica do delegado é usar a tecnologia ao nosso favor para dificultar, se por acaso, acontecer a perda do aparelho celular.

“Os aparelhos celulares permitem colocar senha no chip, pouca gente usa isso, mas tem como. E tem também o chip virtual, nos aparelhos mais modernos que é mais uma questão de segurança aí para quem puder é melhor que o chip físico”, finaliza.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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