

O oftalmologista Daniel Braga, baleado durante uma tentativa de latrocínio em Feira de Santana, falou pela primeira vez após receber alta hospitalar. Em entrevista concedida nesta segunda-feira (8) ao jornalista Marcos Valentim, no programa Balanço Geral da TV Record, o médico relatou os momentos que viveu após ser atingido por um disparo na região da nuca, na noite de 30 de agosto, quando saía de sua propriedade, na Estrada da Salgada, no distrito de Matinha.
“De repente, eu estava todo paralisado e o carro andando sozinho até parar dentro do mato e aguardar a chegada do socorro. Graças a Deus chegou em tempo hábil. A 67ª CIPM me pegou e me prestou socorro imediatamente, fomos para o Hospital Santa Emília. Tenho que agradecer a equipe de neurocirurgia, de enfermagem, de fisioterapia, todo mundo que me deu assistência. Eu sou um milagre, me considero um milagre vivo. Hoje eu estou renascendo, estou olhando para frente. De agora em diante, sou outro homem, outro médico, outro pai, outra vida. A gente tem outros propósitos que Deus tem na vida da gente e não cabe a nós definir, a vida vai mostrando e só tenho que agradecer”, declarou durante a entrevista.
Segundo o médico, tudo aconteceu de forma muito rápida. Ele não teve tempo de reagir nem chegou a ouvir ordens dos assaltantes.
“Eu estava passando, de repente eu vi uma situação que se parecia um assalto e eu só ouvi o tiro. Quando eu ouvi o tiro, eu fiquei estatelado. Não ouvi ninguém gritando, me dando voz de assalto, nada. De repente tinha um movimento na rua e eu ouvi o tiro, e o carro saiu desgovernado. Eu perdi o controle do carro, virei passageiro sentado no banco do motorista e o carro saiu andando sozinho até parar dentro do mato.”
Sem conseguir mexer braços e pernas, Braga permaneceu dentro do veículo por cerca de 30 minutos até ser socorrido pelos policiais militares da 67ª Companhia Independente.
“Fiquei ali uns 30 min, rezando, pedindo a Deus socorro, que não me deixasse naquela situação. Eu sabia que alguém iria entrar em contato. Minha esposa ligou porque eu tinha dito antes que em 10, 15 minutos estaria em casa, e já se passava mais de meia hora. Quando ela ligou, eu consegui atender no viva-voz. Apertei com a boca o volante e consegui atender a ligação. Informei a ela que estava paralisado dentro do carro e precisava de socorro. Coincidentemente, assim que desligamos, em dois minutos já apareceram moradores da região e, logo em seguida, chegaram as viaturas para me resgatar”, relatou o médico.
Sem conseguir se mover, o médico conta que precisaram quebrar os vidros para realizar o resgate. Como médico, ele disse que também ajudou a orientar os policiais pois não dava para esperar a chegada do Serviço de Atendimento Móvel de urgência (Samu).
“Eu orientei os policiais, falei que eu estava estável hemodinamicamente, que olhassem meu pescoço, que eu estava com uma perfuração. Pedi que me retirassem do veículo estabilizando meu pescoço, meu corpo e me colocassem na viatura da polícia, porque não dava para aguardar o Samu devido à dificuldade de achar a localização. Eu estava perdendo sangue, e não sabíamos a gravidade da lesão.”
Durante a entrevista, o médico se emocionou ao agradecer à equipe médica, familiares, amigos, moradores da região e, em especial, aos policiais militares da 67ª CIPM. Ele relatou que logo depois do ocorrido, tudo aconteceu como tinha que acontecer, sob a intervenção divina de Deus.
“Eu me sinto um milagre de Deus na minha vida. Eu hoje sou outro homem, sou outra pessoa. Eu renasci com outros sentimentos, com outros propósitos. Não sei explicar ainda o que Deus propôs para mim, mas sei que Ele deixou bem claro. Em momento nenhum eu perdi a lucidez e Ele mostrou que eu tenho muita coisa para fazer ainda. Hoje eu testemunho a palavra de Deus na minha vida e na minha família. O que sinto é gratidão, gratidão à vida, a Deus, aos amigos, aos médicos, aos policiais.”
Após uma semana internado, o médico recebeu alta no último domingo (7) e foi recebido com homenagens de familiares e amigos. Ele já está em casa se recuperando.

“Graças a Deus foram os anjos que me pegaram ali na hora, enviados por Deus e me conduziram (os policiais). Eu agradeço também o espaço de dar esse testemunho. Um testemunho da força de que Deus está presente na vida da gente. Em momento algum eu me senti desamparado. Pelo contrário, eu me senti amado. Amigos, familiares, pessoas que eu nem conheço rezando, orando por mim, a cidade toda se movimentou. Isso foi a causa da minha reabilitação tão rápida quanto nem eu nem os médicos imaginávamos. Logo, se Deus quiser, em breve eu estou voltando ao trabalho e à minha vida normal. Eu vim aqui para falar não só da violência, mas para falar principalmente da força de Deus na vida da gente que está acima de tudo”, finalizou Daniel Braga.
Também nesta segunda-feira (8), o delegado José Marcos, titular da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Feira de Santana (DRFR/Deic), afirmou ao Acorda Cidade, que a vítima não era o alvo dos assaltantes. (Veja aqui)
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