14 de September de 2025
AAPC
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Iniciativa liderada pelo psicanalista Leonardo Nery passa a atender também pacientes oncológicos que não são assistidos diretamente pela entidade.
AAPC
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

A Associação de Apoio à Pessoa com Câncer (AAPC), em Feira de Santana, passará a oferecer o grupo terapêutico também a pacientes oncológicos que não são assistidos diretamente pela instituição. O atendimento ao público externo começa na próxima terça-feira, 16 de setembro. A proposta é fortalecer o cuidado emocional e psicológico de quem enfrenta o diagnóstico e tratamento do câncer.

Segundo o psicanalista Leonardo Nery, que conduz o grupo, a iniciativa já funciona há cerca de um ano para os pacientes internos da AAPC e agora será ampliada. A equipe conta com profissionais de diferentes abordagens, como psicólogos e psicanalistas.

Leonardo Nery, psicanalista. Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

O grupo terapêutico é pensado para reunir pessoas que estejam passando por situações semelhantes. “São pessoas que acabaram de receber o diagnóstico e ainda não estão conseguindo enfrentar esse diagnóstico. Logo, são pessoas que estão sentindo quase a mesma coisa, vão se identificar de forma parecida também”, afirmou Leonardo.

Ele destaca que a regularidade e a continuidade dos encontros são fundamentais para o vínculo e o êxito terapêutico. “Aqui na casa tem rotatividade. Então, se tem rotatividade, entra e sai de forma muito recorrente, o grupo acaba não sendo funcional. Se a gente tem uma população feirense que vem semanalmente, está com as mesmas demandas, todo mundo se conhece e a gente consegue criar um vínculo, o tratamento consegue ser muito mais vantajoso para o paciente”, avaliou.

Apoio emocional em rede

O psicanalista também explicou como o grupo pode ajudar os participantes a lidarem com sentimentos como tristeza, angústia e ansiedade. “Principalmente com o vínculo entre os participantes e com essa rede de apoio. Muitas vezes eu tenho coisas que eu não consigo compartilhar fora do grupo. Coisas que eu sinto, mas não é aceito socialmente que eu fale. Então, ali no grupo eu consigo extravasar, às vezes chorar. Ali é um lugar muito acolhedor, muito importante para se chorar”, relatou.

Ele reforça que o sentimento de identificação entre os participantes é um dos pilares do processo terapêutico. “O paciente, ao se identificar com o outro, vai perceber primeiro que ele não está só, não está passando por esse processo sozinho. E vai perceber que existem maneiras de lidar a partir disso. O fulano falou: ‘nossa, eu estou superando, estou tentando lidar, fazendo isso aqui’. E aí o paciente que está passando pela mesma situação pode introjetar essa maneira de lidar.”

Frequência e duração

Os encontros acontecerão uma vez por semana, com duração ainda indefinida. “Não tem tempo ainda para finalizar, vai ser a partir da demanda que os pacientes trouxerem. Se for uma demanda que for trazendo ainda por muito tempo, a gente vai até essa demanda se esgotar”, explicou Leonardo.

Entre as reações emocionais mais comuns ao diagnóstico de câncer, ele destaca uma redução significativa da vontade de viver e realizar atividades. “A gente tem dentro da psicopatologia uma palavra para ‘pouca vontade’, que a gente chama de hipobulia. Então é geralmente percebido nos pacientes que recebem diagnóstico de câncer uma hipobulia, uma baixa vontade de fazer as coisas, uma redução de prazer, de fazer as atividades que deve fazer”, concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Davi Cerqueira, sob supervisão da jornalista Mariane Santana.

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