O suspeito pelo assassinato de Talita Lobo Santana, que ocorreu no último sábado (14), foi preso por policiais da Rondesp Leste na madrugada desta segunda-feira (15). Até o último domingo as investigações apontavam que a qualificação do caso era latrocínio, no entanto, com o caminhar da apuração o caso passou a ser tratado como feminicídio pela Delegacia de Homicídios de Feira de Santana (DH).
De acordo com o delegado Gustavo Coutinho, em depoimento, o suspeito explicou que mantinha um relacionamento instável há cerca de 2 anos com a vítima, e que o crime foi motivado por uma discussão. O homem também é investigado por atacar a sobrinha da vítima, de 9 anos, que chegou no local no momento do crime.
“Foi um interrogatório longo, mais de duas horas. No início ele tentou negar, apresentando outras versões, mas quando eu mostrei as provas que a Delegacia de Homicídios já possuía, e ele acabou confessando tudo com riqueza de detalhes”
O titular da DH informou que o suspeito contou que mantinha encontros esporádicos com a vítima, mas que com o passar do tempo ela havia cobrado compromisso sério. Apesar de concordar, ele continuou mantendo relacionamentos com outras pessoas, situação que teria desencadeado uma série de discussões.
“Saiam de vez em quando, uma vez ou outra para motéis e tal, mas não era nada sério. Mas com o passar do tempo ele falou que Talita começou a cobrar mais dele, ele prometeu que realmente ia ficar sério com ela, apesar de continuar com outras duas namoradas sem ela ter conhecimento, mas ela acabou descobrindo”
O suspeito informou que no mês de agosto ao chegar na casa de Talita teria encontrado ela com outra pessoa. Mas após o fato, eles reataram o relacionamento, porém ele afirmou que nunca esqueceu a situação.
Na última sexta (12) ele foi até a casa de Talita. No sábado (13) houve uma discussão porque ela teria conseguido prints de conversas do homem com outras mulheres e questionou as infidelidades. O suspeito alega que nesse momento ela teria o ameaçado usando um objeto pontiagudo.
“Teve uma briga feia na residência. Ela ali aqui pegou uma ponta de um secador, um objeto pontiagudo, para tentar ferir ele. E nessa hora ele falou que tentou conter, segurar ela e que aplicou uma espécie de mata-leão, apertou o pescoço dela cerca de um minuto, ela acabou desmaiando. Ele acreditou que naquele momento ela tivesse desmaiado e não tivesse morrido”
Sobre os pertences da vítima que foram levados, o homem afirmou que levou para vendê-los com a intenção de pegar o dinheiro para fugir, acreditando ainda que a vítima não tivesse falecido.
“Ele ficou com muito medo, pensou que ‘quando ele acordar ela vai pedir socorro, ela vai denunciar, ele vai ser preso’. Então por conta disso ele falou que pegou alguns objetos da residência para que pudesse vender e pegar o dinheiro e fugir. Segundo ele, ia fugir para a cidade de Camaçari, onde ele tem uma terceira namorada lá, e ia ficar lá escondido até as coisas se acalmarem.”
O suspeito foi para a casa de uma outra mulher no conjunto Feira IX, a qual ele também mantinha um relacionamento. De acordo com a polícia, a mulher, que já tinha uma medida protetiva contra o mesmo, estava sendo mantida em cárcere privado.
“Ele disse que foi para a casa, ainda foi no shopping com a namorada, assistiu um filme, aí retornou à noite e foi dormir. Aí quatro horas da manhã, quando ele abriu o site de notícias, ele viu que a Thalita havia morrido, e isso ele ficou desesperado em casa, mas não contou nada para a outra namorada.”
A prisão foi possível graças a uma denúncia feita por uma amiga da mulher que estava em cárcere, através do CICOM. A Polícia Militar, por meio da Rondesp, localizou o suspeito e efetuou o flagrante. Inicialmente, ele foi conduzido à Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM) e, depois, transferido para a Delegacia de Homicídios, onde prestou depoimento.
“A própria namorada acabou pedindo ajuda a uma amiga que entrou em contato com o Cicom. Pela Deam, ele foi atuado em flagrante pelo cárcere privado, já que ele estava impedindo a segunda namorada de sair com medo dela denunciar ele”
Além de responder por feminicídio, o investigado será indiciado por furto qualificado e tentativa de homicídio contra uma criança. Durante a ação criminosa, a sobrinha da vítima entrou no imóvel e encontrou a tia desacordada. Para impedi-la de gritar, o suspeito pressionou seu pescoço e a empurrou contra a cama. A menina fingiu estar desacordada, mas um tempo depois ela saiu e pediu ajuda a vizinhos.
Versão da Família
O Acorda Cidade teve contato com a família de Talita. Os familiares contestam as informações passadas pelo investigado. Eles afirmam que Talita nunca manteve relacionamento com o suspeito e que este havia sido o único encontro presencial entre eles.
De acordo com os familiares, o único contato anterior que a vítima teve com o homem foi em redes sociais, e ele insistiu para ir até a casa da vítima pessoalmente, o que resultou na morte da mesma.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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