

Na manhã desta quarta-feira (28), mães, responsáveis e pessoas com deficiências, especificamente, pessoas que fazem o uso da cadeira de rodas, realizaram uma manifestação em frente a prefeitura de Feira de Santana para denunciar alguns requisitos que estão sendo solicitados quando as pacientes precisam se deslocar para realizar acompanhamento médico em Salvador. A falta de transporte adequado está causando transtorno para os pacientes e seus acompanhantes.
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Entenda o caso
Maria de Jesus dos Santos, mãe de uma das crianças, explicou a situação esclarecendo que os novos carros adquiridos pela prefeitura não comportam as cadeiras de rodas e que, elas são obrigadas a deixar o equipamento em casa, mas quando chega ao destino, para se deslocar com os pacientes fica complicado.

“Do ano passado para cá, os carros que eles compraram é o MOB e este não comporta as cadeiras, e eles querem que a gente viaje para Salvador com essas crianças sem a cadeira. Deixar a cadeira em casa, sendo que a cadeira são as pernas de nossos filhos, então não é justo a gente viajar e ter que deixar a cadeira em casa”.

Ela também relatou que já perdeu duas consultas médicas por falta de transporte e no próximo dia 9, se não resolver a situação, vai perder o atendimento novamente. Essa é mais uma reivindicação dos manifestantes.
“Desde o ano passado estamos com essa dificuldade. A gente não sabe direito a data, porque a gente sempre ia lá, batia na mesma tecla, eles arranjavam um carro e levava a gente. Mas depois, do ano passado para cá, nunca teve um carro fixo para levar a gente como era antes. No MOB não dá, porque eles são crianças de cadeira tetra. A cadeira tetra não fecha”.

Segundo Maria, a secretaria explicou que substituiu os veículos porque precisou trocar de frota.
“Na lógica deles, seria mais barato pegar o MOB. Eles pensaram no bolso deles, mas não pensaram nessas crianças que fazem tratamento há mais de 10 anos em Salvador. Eu perdi uma consulta segunda-feira e a previsão de também no dia 9, eu tenho outra viagem, vou perder também e as outras mães a mesma coisa”.

Angélica Nascimento dos Santos compartilha do mesmo sentimento. Ela também é mãe de uma cadeirante e está enfrentando transtornos para realizar o tratamento da filha.
“Eu especialmente tenho uma filha que se chama Camile Vitória Nascimento dos Santos, ela tem 16 anos, 52kg, eu sou uma mãe de 57 anos e não tenho condições de carregar 52kg em um atendimento que eu vou 5h da manhã, e às vezes o carro só volta para fazer o meu retorno na parte da tarde, 14h, 15h. A gente não tem condição de sair de dentro da instituição, fica eu e as crianças com fome o dia todo e essa é a situação de todas essas mães que vocês estão vendo aqui, fora as que não compareceram porque já estão depressivas em casa”.

De acordo com ela, para realizar o agendamento do transporte, é disponibilizado um período de 30 dias, mesmo assim, não conseguem o serviço.
“Aqui não tem neurocirurgião, que abrange a situação dessas crianças, não tem um médico especializado para a baixa visão, que é o atendimento que eles fazem. E também no Cepred (Centro de Prevenção e Reabilitação de Deficiências), a aplicação de butoxina, que não pode faltar. Também tem algumas mães que fazem o atendimento no Hospital Irmã Dulce, todos ficam em Salvador. Porém, fizeram uma licitação e fizeram uma compra, um contrato de uns carros que são MOB. Esse MOB não leva nenhuma cadeira”.
Angélica ainda ressaltou que desde 2022 um recurso para o lanche das mães e dos pacientes não está sendo disponibilizado. Ela, que só tem a renda do Benefício de Prestação Continuada (BPC), gasta em torno de R$ 340 apenas em fraldas e não tem condições de arcar com gastos extras de saúde.
“Uma pessoa como eu, que recebo o BBC, gasto 340 reais de fralda, tenho condições de quando chegar no final do mês, eu ainda ter dinheiro para fazer um lanche com ela em Salvador? Não tem”, explicou a mãe.

A reportagem também ouviu Giane Santos, outra mãe que estava indignada com a situação. Pela falta de acessibilidade, elas passam dificuldades em Salvador, mesmo quando o transporte adequado é oferecido.
“Muitas vezes, como já aconteceu comigo, a gente vai para hospitais e não tem cadeira de rodas e se a gente tem possibilidade de levar nossos filhos, somos obrigadas a ficar com eles no colo e muitas vezes, o dia todo naquela situação, dependendo do horário da consulta, porque se a consulta for à tarde, tem que ir no horário da manhã. É doloroso, então por esse motivo nós tiramos esse tempo para estar aqui pedindo ao prefeito, às autoridades que olhem por nós, porque se a gente vai para Salvador não é porque a gente gosta de passear. É necessidade da saúde dos nossos filhos”.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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